25 dezembro 2007

A gruta...

Outro Natal

Nuno Júdice *

Neste natal, há mais uma criança. É uma criança
como todas as crianças que há no natal: mas é também
mais uma, e essa é a diferença que faz
com que nenhum natal se pareça com o outro, mesmo
que o natal seja o mesmo, com o mesmo tempo,
a mesma árvore, e o mesmo dia
de manhã à noite, com presentes ou sem eles,
com missa do galo ou com as ruas desertas,
quando o frio faz com que ninguém queira sair
de casa. Mas uma criança a mais muda
cada um dos natais que se sucedem a outros
natais, mesmo quando essa criança não sabe ainda
o que é o natal, ou talvez porque seja,
ela própria, o que faz o natal.

* Inédito para o Jornal deste Presépio

24 dezembro 2007

Porque não caíu do céu. É sempre bom lembrar como essa ideia começou...

A primeira sugestão de Presépio pertenceu a Francisco de Assis há 781 anos. Segundo a tradição, Francisco de Assis encenou em 1223 um presépio na floresta perto de Greccio (pequena cidade da Itália central) com o Menino e os animais, e aí celebrou missa na noite de 25 de Dezembro, em vez de o fazer na igreja. No entanto, muito antes, tinha sido o concílio de Niceia (ano 325) a fixar a figuração central do Presépio: a Virgem, o S. José, o Menino, o boi, o jumento e os pastores. Os verdadeiros Presépios como fazem parte do nosso imaginário, surgiram três séculos após a ideia franciscana de 1223, embora na escultura do séc. XIII se encontrem já testemunhos que englobam todos os elementos que compõem essa tradição.

Provavelmente, o cenário hoje conhecido como Presépio - a palavra significa «lugar onde se recolhe o gado, curral, estábulo» - foi criado na Itália, já no séc. XVI. A primeira notícia sobre um Presépio «armado» numa casa privada, encontra-se no inventário do Castelo de Piccolomini em Celano, supostamente elaborado em 1567, segundo o qual, a duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini, possuía dois baús com 116 figuras de presépios com que representava o nascimento, a adoração dos Magos e outras cenas que não são especificadas.